Em 1997 foi lançada, através da Editora AnnaBlume, a primeira edição do livro ‘LAMPIÃO, O HOMEM QUE AMAVA AS MULHERES – O IMAGINÁRIO DO CANGAÇO’.
Diferente dos demais trabalhos publicados sobre o tema quando aborda, sob vários aspectos, a questão da mulher no banditismo de uma maneira imparcial, objetiva, acadêmica, o professor doutor Daniel Lins expõe ao longo dos 26 capítulos, incluindo a vasta bibliografia, a presença e a influência da mulher no cotidiano do bando de Lampião e em outras situações da época. Maria Bonita, Sila, Enedina e tantas outras que viveram (ou morreram) em função do cangaço são abordadas e analisadas ao longo do livro.
“Meu filho, afaste-se das mulheres, elas deixam o guerreiro mole, os duros, não precisam de fêmeas. Para Sinhô Pereira, a única mulher a ser realmente respeitada e amada sem medida era a sua mãe. Santa, dedicada, conformada à lei do marido, ela deveria ser idolatrada, pois seu corpo, santificado pelo sentimento, eliminava a marca do pecado original, erro supremo de Eva. Ora, esse mal é também a consciência que significa emergência do sentimento. A consciência passa primeiro pela separação masculino/feminino, criando uma diferença potencial entre os dois sexos, entre o bem e o mal, entre Deus e a serpente, entre Deus e o diabo. Resultado de uma separação, de uma clivagem, de uma diferença no ser, a consciência é a perda do Um.
No começo era Adão: Homem-mulher, ele se bastava a si mesmo. É nesse sentido que a mulher era vista no cangaço – e ainda hoje, na sociedade masculina em geral – como portadora de sofrimento, luto, errância, insatisfação, infelicidade, divisão, enfraquecimento do tesão, do sexo aloprado, fratura da economia amorosa dos encontros viris.
Através de Eva, o homem conquistou a consciência, descobriu um pensamento, integrou a dualidade do bem e do mal, abandonando para sempre o estatuto de homem-natureza, homem-vegetal."
Diferente dos demais trabalhos publicados sobre o tema quando aborda, sob vários aspectos, a questão da mulher no banditismo de uma maneira imparcial, objetiva, acadêmica, o professor doutor Daniel Lins expõe ao longo dos 26 capítulos, incluindo a vasta bibliografia, a presença e a influência da mulher no cotidiano do bando de Lampião e em outras situações da época. Maria Bonita, Sila, Enedina e tantas outras que viveram (ou morreram) em função do cangaço são abordadas e analisadas ao longo do livro.
“Meu filho, afaste-se das mulheres, elas deixam o guerreiro mole, os duros, não precisam de fêmeas. Para Sinhô Pereira, a única mulher a ser realmente respeitada e amada sem medida era a sua mãe. Santa, dedicada, conformada à lei do marido, ela deveria ser idolatrada, pois seu corpo, santificado pelo sentimento, eliminava a marca do pecado original, erro supremo de Eva. Ora, esse mal é também a consciência que significa emergência do sentimento. A consciência passa primeiro pela separação masculino/feminino, criando uma diferença potencial entre os dois sexos, entre o bem e o mal, entre Deus e a serpente, entre Deus e o diabo. Resultado de uma separação, de uma clivagem, de uma diferença no ser, a consciência é a perda do Um.
No começo era Adão: Homem-mulher, ele se bastava a si mesmo. É nesse sentido que a mulher era vista no cangaço – e ainda hoje, na sociedade masculina em geral – como portadora de sofrimento, luto, errância, insatisfação, infelicidade, divisão, enfraquecimento do tesão, do sexo aloprado, fratura da economia amorosa dos encontros viris.
Através de Eva, o homem conquistou a consciência, descobriu um pensamento, integrou a dualidade do bem e do mal, abandonando para sempre o estatuto de homem-natureza, homem-vegetal."
Doutor em Sociologia e Pós-doutor em Filosofia pela Sorbonne, psicanalista, Daniel Lins é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFCE. É autor de mais de vinte livros, entre outros: “Lampião o homem que amava as mulheres”, “La Passion Selon Lampião”, “Antonin Artaud: O Artesão do Corpo sem Órgãos”, “Cultura e Subjetividades – Saberes Nômades”, “Sila: Uma Cangaceira no Divã”.
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